segunda-feira, 28 de maio de 2007

Cada Lapso Antecede Um Desejo Insanamente Aleatório

1 - Não foi nada não foi nada mas foi alguma coisa Perdi um punhado de reais por cada palavra trocada e mal compreendida Perdi o tempo e o momento E cada olhar seu eu esquecia da mesa do domingo do cachorro da comida Como em poucas vezes nesta estrada perdida fui um amador (em todos os sentidos republicanos ou não implicados nesta palavra) Enquanto a madrugada esfriava e você chegava em sua casa eu ainda consegui tempo para consertar meus erros.

2 - Dizem que quando 1 não quer 2 não brigam mas o contrário não é válido Entre fazer o relevante ou o irrelevante escolhe-se sempre o que te oferecer mais dinheiro e nem mesmo 7 horas de voo mudam minha opinião sobre isso A tecnologia me salvou mais uma vez porque escrevendo eu sou muito melhor do que falando e em poucas palavras eu digo mais do que muitos dizem em muitas

3 - Um amador inseguro e nervoso foi incapaz de assumir minha posição na primeira vez que te liguei Mas na segunda vez eu mesmo falei planejei e executei Te Convidei para uma dança irrecusável sob o céu de São Paulo acompanhada de caipirinhas e um vento frio e seco As vezes se faz errado mas tudo corre certo

4 - O Ibirapuera é negro a noite e você suporta bem mais spirits do que eu Não me lembrava o quão bom era ser surpreendido pela beleza ou pela graça E ao longo da noite eu percebi que ficaria velho muito rápido ao seu lado o tempo ali passa rápido Mas como um amigo meu me explicou isto é apenas uma questão de densidade e de velocidade.

terça-feira, 22 de maio de 2007

Contra todas as regras

De novo o muro. De novo meus punhos sangrando. De novo o mesmo velho me ajudando.

Porém desta vez eu estou diferente. Não há tijolo, argamassa ou concreto que não se tornam pó e retornam ao lugar do qual jamais deveriam ter saído.

Desta vez eu tenho uma missão e não vou parar. O chão treme e o velho se assusta e pede para que eu relaxe um pouco. Minhas mãos tremem também.

Uma chuva fina, constante e fria cai pesadamente e todos os outros que estavam invisíveis dizem que devo ter mais calma.

Sei que já venci, mas aí eu me lembro do final de um velho filme com o Kurt Russel; e ele dizia: "Bring it on".

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Catch 22

- Vocês ouviram as ordens. Todos para a pista!
- Senhor. Nós não ouvimos ordem alguma, Senhor.
- Está me dizendo que vocês estão surdos?
- Não Senhor, estou dizendo que nada foi dito, Senhor.
- Quando Cabo?
- Quando, Senhor?
- Quando eu não disse nada?
- Hoje, Senhor. Hoje o Senhor não disse nada.
- Então faremos exatamente como eu não disse. Todos para a pista.
(O telefone toca. O Coronel atende. Seguem-se silêncios e hums-hums.)
- Cabo, cancele a ordem que eu acabei de não dar.
- Sim, Senhor.
- Estas mulheres...
- Mulheres senhor?
- Sim, elas cancelaram a operação.
- Bom, Senhor, depois que elas ficaram independentes e auto-suficientes eu não as entendo mais Senhor.
- Cabo, você está me dizendo que não leu o manual?
- Havia uma manual, Senhor?
- Cabo, se você tivesse lido o manual você saberia. There's a catch.
- What catch, Sir?
- The catch 22.
- Catch 22?
- Sim. Ele diz que toda mulher é independente e auto-suficiente e por isso mesmo elas devem dividir as contas com os homens.
- Me parece correto, Senhor.
- Mas ele diz também que toda mulher independente e auto-suficiente deve ser segura de si o suficiente para permitir que o homem pague a conta.
- Mas Senhor, se ela permitir ao homem pagar a conta ela não é independente nem auto-suficiente...
- That's the catch.
- Senhor, acho que o Dr. Emmett Brown estava certo, senhor.
- Ele estava Cabo, ele estava...

sábado, 5 de maio de 2007

No centro do Estado

Uma noite vale a pena?

Vale o esforço do sorriso? Vale o embaraço da vergonha? Vale o vazio do depois?

E uma hora vale a pena?

Vale a angustia do silêncio? Vale as doloridas memórias revividas? Vale a saudade que causa?

E um segundo vale a pena?

Vale o frio que se passa? Vale a tristeza da derrota? Vale a perda da razão?

É claro que vale!!! Basta passar além da dor.

Tudo vale, mesmo que seja apenas por um beijo, mesmo que seja apenas por um abraço, mesmo que seja por um toque no braço, ou uma troca de olhares. Ah, vale mesmo que seja apenas os olhares e o sorriso.

(E só agora percebo que não é Pessoa quem é ridículo. Ridículo sou eu que quero voltar a ser aquele garoto no centro do meu estado. Eu que quero ir além do Bojador).

A Queda

Você não sabe como começa. Ninguém sabe.

Mas um dia está lá você contra o muro.

Você sabe que tem que derrubá-lo. Usa insessantemente os pés e punhos; metodicamente derrubando cada tijolo, cada camada de tinta, cada grão de areia.

O muro não cai; e não vai cair porque ele simplesmente é muito maior que você. Muito maior que sua imaginação. Muito maior que sua força de vontade.

As pessoas que passam por você não entendem e não enxergam, pois o muro não existe.

E o tempo passa, a pele massa, a carne passa, os nervos passam. Tudo o que sobra são os ossos, o sangue e o muro.

Só então alguém percebe:

- Ei rapaz, você não é .....
- Sou eu mesmo.
- Você está sangrando.
- Eu sei. Eu sei....zzz... por favor faça parar.

E então quem cai sou eu.

Na cidade de luzes que cegam

50 passos foi que levei para chegar ao Times Square. Em 50 passos percebi que em NYC as luzes nunca vêem de cima.

Adoro esta sensação de me sentir em casa, mesmo estando a mais de 7 mil quilômetros da minha cama. Os taxis amarelos que eu já conheço, os edifícios que eu já vi, as ruas numeradas tão organizadas, o cheiro de hot dog em toda esquina e as línguas... fique uma hora parado em qualquer esquina e você vai ouvir pelo menos umas 5 línguas diferentes sendo faladas, cantadas, gritadas e choradas.

A ilha nem lembra o resto da América... Também não lembra a Europa. É única!

Tão única que só ela me lembra que o Mundo é um enorme lugar cheio de avenidas iluminadas, becos com sombras, gente feliz, gente triste, calçadas escorregadias e bosques verdes. Ela também me lembra que estou sozinho em tudo isto.

Debaixo de uma madrugada de Outono

Destes dias para esquecer, para esquecer totalmente... Nem sei porque me preocupo, já não me lembrarei mais na próxima sexta.

Na próxima sexta vai estar melhor: minha perna não vai doer, esta picada de borrachudo não vai mais coçar, o cachorro vai estar limpo, a casa vai estar arrumada, ela vai ter ligado...

Ela...? "Who the Hell is Ela?" - diria o marquinhos que diriam os americanos.

Não existe Ela, nunca houve. Imaginei..., preciso conferir direito no Orkut, mas tenho certeza de que imaginei.

(Será que imaginei o cachorro? Não, o cachorro está aqui no meu pé. Preguiçoso.

Ah Deus será que perdi a cabeça? Olha só quantas interrogações no mesmo texto!

E os três pontos? E as exclamações? Arruinei todas as regras da professora Claudia...)

Aha! Achei a foto! Ela existe! Existe mas não vai ligar.

Tudo bem, isto eu também vou esquecer.